Um clássico da cena teatral, que também teve jornada de sucesso nos cinemas, está em cartaz no Rio de Janeiro a preços populares. A peça "Eles Não Usam Black-Tie", de Gianfrancesco Guarnieri, montada pela primeira vez em fevereiro de 1958, aborda a luta de operários por melhores condições de trabalho na década de 50, passando por questões sociais, como o enfrentamento de classes e racismo.
No palco do Teatro Dulcina, um dos mais tradicionais da cidade, a história do jovem metalúrgico Tião e sua namorada, Maria. Ao saber que a moça está grávida, eles decidem se casar. Ao mesmo tempo, ocorre um movimento grevista da categoria, que fica dividida. Preocupado com o matrimônio e temendo perder o emprego, Tião fura a greve, entrando em conflito com o pai, militante sindical, que foi preso pela ditadura. Para o diretor da montagem, João Velho, o tema continua atual.
"Com certeza podemos dizer que o espetáculo continua atual. Porque mesmo havendo greve hoje em dia, as greves são diferentes, não são a mesma coisa né. Mas ainda assim existe a luta de classes".
A peça é ambientada em um morro da capital Fluminense, e tem como pano de fundo a vida de uma família de trabalhadores, suas relações pessoais e conflitos, destacando temas sociais e políticos. João Velho, que também atua no espetáculo, destaca a riqueza dos personagens.
"Todos os personagens dessa peça são cheios de nuances, e são considerados pelo autor de forma muito bonita. O meu personagem por exemplo, que eu faço, é o João, ele é o irmão da Maria, e é muito bonita a forma que ele vai até a festa de noivado representando a família dela. A mãe dele está doente e tal e ele vai como uma espécie de representante, o pai não está mais vivo. E ele vai lá pra pra fazer o papel do pai, da mãe, enfim".
À frente do projeto está a Única Companhia de Teatro, que nasceu do grupo Nós do Morro, organização social que tem por missão transformar vidas por meio do acesso à arte, e atua No Morro do Vidigal, na zona sul carioca. O diretor comemora a importância da montagem para o grupo.
"É um momento muito importante do grupo, que é a primeira vez que a gente faz a peça num horário nobre. De quinta a domingo, num teatro tão importante que é o Dulcina. Então a gente está muito honrado de poder fazer este espetáculo neste momento".
Ele também aborda a importância de trazer de volta aos palcos este texto tão aclamado por público e crítica.
"É importante todo mundo assistir, debater e ter essa efervescência democrática mesmo. De debate, de discordância e tal. Discutir se o personagem está certo, se está errado. Que isso a gente faz também nos nossos ensaios. Acho que o Guarnieri coloca isso também na peça. Não é uma peça maniqueísta. É uma peça muito humana. E as pessoas todas têm que assistir isso e entender o lugar delas no mundo".
Cultura Montagem aborda a luta de operários por melhores condições de trabalho Rio de Janeiro 28/03/2025 - 08:32 Vitoria Elizabeth / Rilton Pimentel Carolina Pessôa – Repórter da Rádio Nacional Eles não usam black-tie Trabalho Direitos Humanos Desigualdade sexta-feira, 28 Março, 2025 - 08:32 3:45
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